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Yoani Sánchez, blogueira da CIA ou heroina épica, ambiguidades nao resolvidas
Heroína de alguns, vilã de outros, Yoani Sánchez tem sido uma personagem importante desse atribulado começo de século, que 30 anos atrás alguns historiadores achavam que seria uma pasmaceira. Enquanto escrevo, ela deve estar chegando ao Parque do Saber, em Feira de Santana, para participar de uma exibiçao pública do documentário ‘Conexao Cuba-Honduras’, do diretor Dado Galvao. Depois deve passar por Sao Paulo antes de ir aos EUA e à Europa. Eu, no lugar dela, nao perderia a chance de ir ao Rio de Janeiro, mas cada um sabe onde lhe aperta a agenda.
Midiaticamente, o que significa Yoani Sánchez? Que mensagem emite? A quem sua presença aproveita, como perguntaria um detetive de antigamente? Sua imagem exibindo o passaporte aberto – acima – poderia ser o logotipo da abertura que Raúl Castro tem começado a empreender na Ilha. Pelas novas regras, todo cidadao cubano hoje tem direito a sair do país sem pedir autorizaçao ao governo. A imagem parece dizer: “Minha voz continua a mesma, mas meu passaporte… Quanta diferença”, em favor dos novos tempos. Suas palavras, no entanto, continuam a ser de denúncia das (óbvias) restriçoes que o regime cubano impoe a direitos básicos de seus cidadaos. É fato – Yoani (ou melhor, a internet) ajudou a expandir esses direitos, ao que parece, de forma irreversível. O que o gesto pode ter a favor, a intençao tem claramente contra.
Será que ela é mesmo paga pela CIA? Será que ela é uma heroína solitária em luta épica contra a opressao? Yoani Sánchez está em algum ponto entre esses dois extremos. Ela é uma coisa e é a outra. Talvez vire símbolo, talvez seja esquecida. Pode ser também que termine por desagradar a todos. Afinal, nestes tempos de comunicaçao ininterrupta, é impossível esconder as ambiguidades – e, fora da novela das 8, quem é que gosta de um herói ambíguo, que personagem tem o direito de ser igual a seu espectador?
Outras no Blue Bus sobre o mesmo assunto – Blogueira cubana já foi denunciada pelo Wikileaks em 11 documentos e tambem Blogueira cubana é recebida com dolares falsos no aeroporto do Recife.
Julio Winck
Acho precipitado arriscar algum palpite. Mas quanto aos manifestantes que hostilizaram a blogueira no aeroporto, sugiro que eles experimentem morar por um mês em Cuba, mas não em hotéis bacanas, reservados aos turistas e políticos bajuladores da América Latrina, mas entre o povo cubano. Quero ver se eles iriam achar o regime tão “da hora”. Discursar e protestar é mole, difícil é tirar a bunda da zona de conforto e conhecer uma realidade na prática.
Jayme
Julio, os manifestantes têm um senso crítico mais ou menos equivalente ao de um membro de torcida organizada ou de seita religiosa. Só isso explica a fúria com que encaram a blogueira.
Julio Winck
Perfeito, Jayme. Talvez o tempo venha provar que a blogueira não era tão santa quanto parece, mas julgar por antecipação é um risco. Quanto aos manifestantes, por que eles não guardam suas energias e raivas e despejam esse veneno em cima de políticos, religiosos, empresários e funcionários públicos corruptos que tanto atrasam o nosso país? Seriam esses bundões os mesmos que só vão em marcha da maconha?
Beto
Ela é irrelevante, dentro de Cuba e fora dela. É claro que recebe dinheiro de organizações internacionais, por isso não deixa o país para morar em Miami, onde teria de trabalhar para sobreviver, o que não faz em Cuba…
Os telegramas revelados pelo WikiLeaks deixam claro o quão é idiota o governo dos Estados Unidos ao alabar e financiar uma figura desse naipe…